Mídia, entre a dominação e a autonomia cidadã

mídia corporativaPalestra ocorreu nesta segunda, 26, no auditório da SEDUFSM

A relação entre “Comunicação e poder” é complexa, não se resumindo a colocar de um lado uma imprensa manipuladora e de outro, os manipulados. É preciso levar em conta os espaços de disputa de poder, de conflito, e que a imprensa não tem “poder absoluto”. Esse aspecto foi consensual entre as falas da palestrante de segunda, 26, na programação de aniversário da SEDUFSM, professora de jornalismo da Unisinos, Christa Berger, e de sua anfitriã, a professora de jornalismo da UFSM, Márcia Franz Amaral. Para a docente da Unisinos, quando se fala no poder da comunicação deve-se pensar no lugar ocupado por ela na atualidade e, também, quais os fios que fazem parte dessa teia ligando mídia e política.

Christa Berger explica que os estudiosos do tema conceituam o momento vivido pela humanidade de diversas formas, mas em todos eles, a questão da comunicação ocupa papel de relevo. Alguns falam em ‘sociedade midiática’, outros em ‘sociedade do conhecimento’, outros em ‘sociedade da informação’, entre outras classificações. O fato principal em tudo isso é que se pode considerar que, assim como ressalta Muniz Sodré, professor da UFRJ, a comunicação seria o novo “bios” da sociedade, fazendo parte da sua genética. “A mídia institui e estrutura o nosso modo de pensar, dando sentido às relações sociais”, destacou a professora.

A conseqüência de todo esse processo, que está incluído na chamara era da globalização, é que as pessoas viveriam o que alguns pensadores chamam de a “síndrome do consumismo”, que, se não originada, certamente é acelerado pelas novas tecnologias. “O cidadão bem-sucedido nos dias de hoje é aquele que consegue consumir”, sentencia Christa Berger. Na análise feita por ela, a conjuntura está marcada pelo “descarte”, ou seja, as pessoas almejam algo de forma muito intensa, mas quando conseguem, imediatamente passam a desejar outra coisa e a descartar o que recém obtiveram. A sensação, até certo ponto neurotizante, é de “estar em falta com algo”.

POLÍTICA– No que se refere às relações entre mídia e poder propriamente ditas, partindo para o campo da política, a professora, que também atuou durante vários anos como repórter em veículos como Zero Hora e Folha da Tarde (Caldas Júnior), afirma que a imprensa brasileira “tem um vício de origem”.  O nó principal que explicaria uma espécie de comprometimento da mídia com o poder dominante é que, assim como existe no país a concentração econômica, isso também se reflete na concentração dos meios de comunicação na mão de poucas famílias, o que, inclui, até mesmo políticos, que através de relações de parentesco são donos de grupos de comunicação. Christa vai mais longe e diz que no país não temos uma noção de que a comunicação é um “bem público”. (Para ter mais detalhes sobre a palestra, acesse www.sedufsm.com.br)

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